
É claro que antes o tempo passava, mas tenho a impressão que era bem mais devagar.
Mas agora não.
Agora tudo mudou.
Você vai fazer 5 anos na semana que vem, e ontem mesmo segurava meu dedo com força com sua minúscula mãozinha, fazendo sonzinhos que queriam dizer alguma coisa... Hoje corre pela casa, me dizendo desafiantes “nãos”, inventando frases, e cantando Fernanda Takai... o que é isto ?
Agora o passar do tempo me emociona.
Na verdade quase tudo me emociona.
Sei que um pouco é pelo meu jeito sensível de ser, mas acho também que é porque ninguém passa indiferente pela maternidade.
Ver o filho crescer é uma experiência única, uma lição repetida, uma chance de reaprender o que ficou esquecido lá na infância. Como uma recuperação na escola, só que dessa vez recupera-se um pouco dos sonhos, da doçura, da pureza.
Criança acredita, e faz acreditar.
Criança sonha, e faz sonhar.
O tempo também faz com que reconheçamos no filho nosso próprio olhar, ou nossa maneira de chamar as pessoas, de dar as mãos com os dedos entrelaçados... é lindo, e, de repente você olha pro lado e já não vê mais aquelas dobrinhas nas pernas do seu bebê. Você vira especialista em massa de modelar. Rende-se aos desenhos de monstrinhos que moram no quintal, troca um bom livro por giz de cera, repete a mesma historinha noites seguidas, e já não dá mais pra escrever até altas horas sem preocupação alguma.
Ser mãe, mulher, trabalhar e cuidar de casa, é viver sempre com uma pequena culpa, com medo de estar te criando nos intervalos, de estar esquecendo alguma coisa.
E por causa disso vivemos todos os nossos momentos intensamente, Bebela.
É por causa disso que digo tanto que te amo.
E que meus olhos ainda enchem d’água quanto te olho, como no primeiro instante em que te vi...
Amar-te intensamente é a única justificativa possível para esse tempo que voa, filha...